quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sessão de ontem da CML - Proposta dos Vereadores dos PCP: Voto de pesar pelo falecimento de Morais e Castro

Faleceu no passado dia 22 de Agosto, José Armando Tavares Morais e Castro que dentro de um mês completaria 70 anos de idade.

Nascido em 30 de Setembro de 1939 na cidade de Lisboa, local onde residia, onde estudou e se formou em Direito e onde exerceu a sua actividade profissional e intelectual, destacando-se enquanto advogado e grande figura da cultura portuguesa.

Nas artes do espectáculo, Morais e Castro foi actor e encenador. Estreou-se profissionalmente no Teatro do Gerifalto com a peça "A Ilha do Tesouro"dirigido por António Manuel Couto Viana. Passou pelo grupo Cénico de Direito e integrou o Teatro Moderno de Lisboa.

Em 1962 integra o elenco do filme "Pássaros de asas cortadas", de Artur Ramos, tendo integrado entre 1961 e 1965 o teatro Moderno de Lisboa. Nesta companhia integrou o elenco de várias peças entre as quais "O tinteiro", de Carlos Muñiz, e "Humilhados e Ofendidos", de Dostoievski, onde obteve grande sucesso. Durante a existência do Teatro Moderno de Lisboa, uma companhia fundada sem subsídios e perseguida pela PIDE, contracenou com actores como Carmen Dolores, Armando Cortez, Fernando Gusmão, Armando Caldas, Glicínia Quartin, Paulo Renato, entre outros.

Em 1968, é co-fundador do Grupo 4 no Teatro Aberto.

Representou autores como Peter Weiss, Bertolt Brecht, Max Frisch, Peter Handke e Boris Vian. Contracenou com Mário Viegas na peça “À espera de Godot” de Samuel Beckett. Em 2004, interpretou O Fazedor de Teatro com Joaquim Benite na Companhia de Teatro de Almada que lhe valeu a Menção Honrosa da Crítica.

Estreou-se no cinema com Pássaros de Asas Cortadas de Artur Ramos. Participou em programas de rádio e, estreia-se na televisão em o Rei Veado de Carlo Gozzi, realizado também por Artur Ramos. Desde então, participou em novelas e séries televisivas com grande destaque para as Lições do Tonecas.

Actualmente, Morais e Castro fazia parte da Direcção da Casa do Artista, do qual foi sócio fundador.

Foi também sócio fundador do Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, integrou desde a Revolução de Abril o Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa do PCP, de cuja direcção continuava a fazer parte. Foi militante do PCP desde muito jovem, tendo assumido altas responsabilidades de apoio à direcção do Partido antes e depois da Revolução de Abril.

Candidato pelas listas da CDU a Lisboa nas próximas eleições autárquicas, era actualmente eleito na Assembleia de Freguesia dos Anjos.

O seu desaparecimento deixa a cultura portuguesa e, em particular,a cidade de Lisboa mais pobre. A sua determinação e firmeza em defesa da classe operária e dos trabalhadores radicava no seu optimismo jovial e na confiança nos ideais que defendia. É com profundo pesar que se assistiu ao desaparecimento físico dum homem que lutou pelos ideais toda a vida e, por isso, como afirmou Bertolt Brecht, foi, é, e será um dos “imprescindíveis”.


Ciente do significado da perda desta personalidade, a Câmara Municipal de Lisboa apresenta à família as suas mais sentidas condolências, propondo à Comissão de Toponímia a atribuição de uma artéria e, a titulo póstumo, a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa.