domingo, 20 de setembro de 2009

Intervenção de Ruben de Carvalho na apresentação dos candidatos de São Vicente de Fora, hoje

Camaradas e amigos

Quando no início deste ano o PCP alertou para a complexidade e importância do período político que então se abria, um factor desde logo tornava esse facto evidente: pela primeira vez desde o 25 de Abril o povo português enfrentava três actos eleitorais com curtos intervalos de alguns meses – como se veio a verificar, até menos do que isso: entre as legislativas do próximo Domingo e as autárquicas mediarão duas escassas semanas.

Era evidente que o resultado de cada uma destas eleições influenciaria o da seguinte donde, em rigor, impunha-se encontrar forma de assegurarmos nossa intervenção eleitoral de propaganda e esclarecimento de forma coordenada, completa, Abrangendo todos os elementos e todos os factores em jogo nas sucessivas eleições.

Mas subsistiam mais factores a concederem a este ano características de especial importância e gravidade: sob a batuta do governo do PS presidido por José Sócrates (nos tempos confusos que vamos vivendo, talvez seja preferível ficar só assim, pelo José, e evitarmos os complicados e polémicos títulos académicos…) , mas, dizia eu, sob a batuta de José Sócrates Portugal conheceu o governo e a governação mais à direita das últimas três décadas, a maior destruição do património político, económico e social do 25 de Abril numa dimensão que a direita por si jamais conseguira. Segurança social, segurança no emprego, serviço nacional de saúde, carreiras profissionais, direitos dos trabalhadores, educação, condições de trabalho dos professores, política fiscal, nada passou incólume por esta brutal ofensiva que deixou os portugueses mais pobres, o País mais dependente, o nosso futuro mais comprometido.

Nada escapou, nem mesmo a política estrangeira e a política para asa Forças Armadas nas quais se enfeudou mais Portugal aos interesses imperialistas e aos conflitos por eles arrastados no Iraque, no Afeganistão e um pouco por todo o Mundo.

Nos últimos meses, o Partido Socialistas e o governo Sócrates procuraram por todos os meios encontrar na crise financeira internacional desculpas para a gravidade da situação do País. Não há hoje um português que possa ter dúvidas sobre a falsidade desta argumentação. A crise em Portugal começou com Sócrates em S. Bento e não com falências em Nova York! O desemprego em Portugal é uma realidade desde que Sócrates chegou ao governo, não desde que o capitalismo americano se precipitou numa gigantesca crise que, inevitavelmente afectou todo o mundo!

Sucede, camaradas e amigos, que tal como as dificuldades dos portugueses começaram com Sócrates e não com a crise internacional, foi também contra Sócrates e a sua política que os portugueses se ergueram.

Concretizando uma experiência profundamente ancorada em dezenas de anos de luta e contando com estruturas onde se destacam o nosso Partido e o movimento sindical unitário, ambos sangue e obra da classe operária e dos trabalhadores, os portugueses desenvolveram nos últimos anos algumas das maiores acções de massas na defesa dos seus interesses e direitos. A maior ofensiva da política de direita até hoje ocorrida teve a justa resposta na magnífica dimensão de greves e manifestações como de há muito o País não via.

Camaradas e amigos

A conjugação de todos estes factores acabou por nos indicar o essencial do caminho para o complexo ano político que estamos a viver: na frente eleitoral era indispensável prosseguir e concretizar a luta de massas para derrotar a política de direita; para essa luta eleitoral era preciso fazer convergir o vigor da luta social e de massas dos últimos meses; a própria campanha eleitoral, ela própria, no seu dia a dia, tinha de constituir, por um lado, uma constante denúncia do desastre político da acção do PS no governo e a clarificação das propostas de ruptura, de alternativa que só o PCP e os seus aliados na CDU oferecem, e, por outro, o continuar dessa linha de acção de massas que a vida tem revelado ser a alma indispensável da presença dos trabalhadores na sociedade.

Partimos assim para a primeira das eleições, asa do Parlamento Europeu com uma linha que a realidade revelou inteiramente justa: tornar claro que todas as eleições de interligavam; em todas elas combater a política de direita e prosseguir ao combate de massas contra ele; divulgar as propostas da CDU, mas faze-lo nessa mesma dinâmica de massas, de constante contacto com a classe operária, com os trabalhadores e com o povo que é já uma forma sem a qual nós, comunistas, não sabemos encarar a vida e a política.

Iniciamos a campanha com essa gigantesca marcha de 23 de Maio e, camaradas e amigos, é indispensável recordar que há muitas, muitas décadas que nenhum partido português revelava a mais pequena capacidade de organizar essa magnífica jornada que atravessou Lisboa. Era de massas a luta, seria de massas a campanha eleitoral e foi com massas na rua que arrancámos.

Os resultados das europeias constituíram, como para tanto lut+amos, uma estrondosa derrota da política de José Sócrates e um importantíssimo resultado do nosso Partido. Mais uma vez, sondagens, comentadores, politólogos, bruxos e advinhos viram a realidade desmentir categoricamente as suas interessadas previsões: mais 70 000 portugueses confiaram o seu voto à CDU!

Entretanto, o secretário geral do PCP caracterizou com brilhante clareza o balanço desssa batalha: «A política de direita – disse Jerónimo de Sousa – foi derrotada. Agora é indispensável derrotar os seus autores».

E é esse o claro objectivo que nos propomos nas eleições das próximas semanas.

Para todos é claro que, no que se refere às legislativas, constituindo já uma importante derrota a evidência que José Sócrates e o PS não conseguirão repetir a desastrosa maioria absoluta que nos conduziu à crise e ao desemprego, tal não chega: que os resultados apenas proporcionem uma alternância entre protagonistas de uma mesma política de direita, entre um PS mais à direita que um PSD ou um PSD mais à direita que um PS conforme os interesses do momento lhes ditarem – não é solução!

A solução passa por outra política e a única força que dá garantias de a garantir, de garantir uma ruptura e uma alternativa com o actual estado de coisas é a CDU, é o PCP. Poderão os mesmos comentadores, sondagens, bruxos e advinhos fazerem as contas e previsões que quiserem: uma coisa é absoiluta, rigorosa e definitivamente certa: quantos mais votos tiver a CDU, quanto mais força, mais deputados, mais vereadores, mais eleitos nas freguesias tiver a CDU mais força terá uma alternativa, mais força terá uma outra política, mais força terá um alternativa para Portugal!

Camaradas e amigos

Permitam-me ainda umas palavras sobre Lisboa, sobre a nossa Cidade, aquela onde vivemos e trabalhamos e desejamos que os nossos filhos e netos possam continuar a fazê-lo livres e felizes.

Lisboa é o mais aberto exemplo da falsidade daqueles que invocam a crise mundial do capitalismo para justificarem os desastres da sua política. Osa desastres em Lisboa não começaram há dois anos quando o Lehman Brothers faliu, não começaram em Detroit com a General Motors falida, não começaram sequer quando as vigarices do BPN, dos BPP e etc vieram à tona de água. Não: os nossos problemas não começaram há dois anos começaram, começaram há oito quando a direita conquistou o poder na Câmara de Lisboa, quando um senhor que tem o descaramento de novamente se candidatar e se chama Pedro Santana Lopes iniciou a mais desastrosa gestão autárquica que a cidade conheceu, para ela contactou desde a primeira hora com a cumplicidade do Partido Socialista que vergonhosamente voltou as costas, sabotou e recusou o entendium,ento à esquerda que tantos resultados positivos dera à cidade. E prosseguiu quando de Santana Lopes de passou a Carmona Rodrigues, tudo num vendaval de escândalos, de corrupções que acabaram por conduzir à vergonha de se ver cair uma Câmara e realizar eleições intercalares.

É, camaradas e amigos, um engrançado símbolo que desses seis anos nos fiquem na memória dois escândalos: o túnel do Marqu^wes e as fortunas que custou, o Parque Mayer e o deserto em que se tornou. Desses dois anos ficaram muitos outros, mas esses bem grandes: dois buracos!!

Recordar-se-ão os camaradas que há quatro anos o PCP propôs responsavelmente ao PS estudar a possibilidade de renovar uma coligação, tal como se recordarão da insolente resposta de recusa transmitida pelo dr. Jorge Coelho. Iam ganhar sozinhos, diziam ele, com o famoso professor Carrilho. Foi o que se viu, camaradas! Dois anos depois lá foram eles também enrolados nos escândalos da EPUL, das permutas Parque Mayer-EntreCampos, nos estádios e negóicios aparentados e tantas, tantas outras coisas.

Aparece agora o PS como se fosse outro. Camaradas e amigos, o PS que com José Sócrates está em S. Bento (esperemos que por pouco tempo!) é o mesmo PS que está na Praça do Município com António Costa. E se não é solução, como todos o sabemos, que Sócrates dispensa a sua cadeira a Manuiela Ferreira Leite, também o não é que António Costa o faça a Santana Lopes!

O que está na origem, na verdadeira essência da política seghuuida nos dois llugares é a mesma: o benefício do capital em prejuízo do trabalho, seja na elaboração do Código do Trabalho seja nas urbanizações que envolvem vender as oficinas da Câmara em Cabo Ruivo para especulação imobiliária.

Não é verdade que António Costa e a sua equipa tenham resolvido a desastrosa situação financeira da VCâmara deixada por Santana Lopes e Carmona Rodrigues: como eles próprios – e com estas palavras ! – o dizem, limitaram-se a empurrar o problema com a barriga ou, em termos mais t+ecnic9os e rigorosos, transformar dívidas a curto prazo em dívidas a médio e longo prazo. Que terão de se pagar! 2010 será um ano muito difícil para a Câmara do ponto de vista económico: será indiuspensável gente séria e capaz para enfrentar o problema. A experiência seguramente diz ao povo de Lisboa que trabalho, honestidade e competência é na CDU que ele a pode encontrar.

Causam também preocupações os planos de urbanização de que António Costa e Manuel Salgado afanosamente promovem e propagandeiam (e de que fazem mesmo o centro da sua campanha eleitoral) e que tocam com zonas yt~ºao sensíveis da cidade como Alcântara, Boavista, Parque das Nações, Matinha, os terrenos da Manutenção Militar.

Causa preocupação a subserviência desta Câmara ao Governo (pudera! Nós sempre dissemos que o PS é só um!) face ao governo Sócrates traduzido njo caso das vendas dos hospitais, do IPO, da ampliação da Poilícia Judiciária do Conde Redondo, da situação da Penitenciária e tantos, tantos outros.

Também aqui as concepções que estão subjacentes não são as de fazer do solo da cidade o alicerce da actividade económica, da produção e do trabalho, da criação de emprego e de condições de vida dignas e saudáveis: nestes planos o solo da cidade continua a ser um capital que o grande capital transacciona, usa e abusa para o que só sabe fazer: obter lucros – e3 quanto maiores, melhor.

Camaradas e amigos

A vida e a História já demonstraram que nada é impossível,m que nada está previsto, que ao Homem não se colocam limites e finalidades que o trabalho nãpo possam enfrentar.

As próximas semanas são, uma vez mais, a prova disso. Nas eleições para a Assembleia da República, nas eleições para as autarquias nos própximos dias 27 e dia 11 os portugueses podem mudar o seu País, podem mudar a sua vida, podem mudar o seu destino.

Quando dizemos que a CDU avança com toda a confiança é também disso que falamos.

Da confiança que a ruptura é possível, que a mudança é possível, que o futuro é possível.

Da confiança numa Assembleia de que saia um governo com outra política, ao serviço do Páís, dos trabalhadores, do povo.-

Da confiança de que sairão Câmara e Juntas de freguesias não centros de escusos negócios, mas na continuação das melhores tradições dessa grande conquista de Abril que é o Poder Local democrático. Câmaras e Juntas onde o trabalho da CDU seja reconhecido e desejado que assim continue.

E porque sabemos que só com a CDU, com o PCP e os seus aliados do Partido Ecologista «Os Verdes», os companheiros da Intervenção Democrática e todos os idependentes que nos cacompanham, có com eleitos CDU essa alternativa e esse futuro são possíveis diremos até ao fim – é preciso votar CDU.

E, finalmente, camaradas tem0os confiança porquew vemos, sentimos, sebamos que, todos os dias – a CDU avança, com troda a confiança!

Viva a CDU

Viva Lisboa

Viva Portugal