domingo, 10 de maio de 2009

População da Ajuda exige esquadra na freguesia

Falta de posto policial e aumento da criminalidade instalam um clima de medo
00h30m
CRISTIANO PEREIRA
JN
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Os moradores da Ajuda, em Lisboa, saíram ontem à rua para exigir uma esquadra da PSP na freguesia. Dizem estar fartos de viver com medo e acusam a Câmara e o Governo de "falta de vontade política".
Nem a chuva que ontem se abateu sobre Lisboa impediu que cerca de uma centena de moradores se concentrassem na Rua das Açucenas para protestar contra a inexistência de uma esquadra policial. É uma luta já com mais de 10 anos, "uma história já longa", como disse ao JN Joaquim Granadeiro, o presidente da Junta e Freguesia.
A reivindicação começou em meados da década de 90. "Nessa altura", explicou Granadeiro, "a razão invocada era a de que não havia espaço". Na viragem do milénio, contudo, a Câmara Municipal de Lisboa construiu, no âmbito do PER (Plano especial de Realojamento), um conjunto de prédios na Rua das Açucenas. Em simultâneo, o então ministro da Administração Interna, Severiano Teixeira, reconheceu a necessidade de uma esquadra e a autarquia disponibilizou um espaço. "É uma loja com dois pisos mas que está vazia desde essa altura", explicou o presidente da Junta. Foi nesse local que a população se reuniu ontem, colando cartazes na montra a simular uma esquadra.
"A criminalidade tem aumentado e sente-se insegurança na rua", prosseguiu Joaquim Granadeiro, referindo que abundam cada vez mais os casos de "roubos por esticão na rua ou assaltos a casas e lojas".
Na freguesia da Ajuda, onde vivem cerca de 20 mil pessoas, existem, segundo o autarca, "bairros com problemas sociais muito graves, onde se assiste a situações de roubo, venda de droga e prostituição", citando os casos concretos do Bairro do Caramão, Bairro 2 de Maio ou o Bairro do Casalinho. De cada vez que sucede um problema, os moradores são obrigados a chamar a polícia de Belém ou do Calvário (freguesia de Alcântara). "Precisamos de policiamento de proximidade", alertou Joaquim Granadeiro, sublinhando que parte significativa da freguesia é bastante idosa. "São pessoas que trabalharam a vida inteira e merecem ter descanso nos anos da reforma".
"Já se vai ouvindo gente a dizer que se o governo não mete cá a Polícia, fazemos nós de Polícia", afirmou, por seu turno, Vítor Pereira, porta-voz do grupo de moradores. "Não estamos de acordo com isso mas percebemos a revolta da população", acrescentou.
Todavia, na sua óptica, o Governo "continua de costas voltadas para uma população que trabalha, que produz riqueza mas que quase todos os dias é assaltada". Vítor Pereira citou ainda casos que frequentemente ocorrem junto ao pólo universitário: "Quando anoitece, as alunas são assaltadas ou abordadas com atitudes e gestos menos correctos".
O porta-voz dos moradores ameaçou ainda convocar uma manifestação à porta do Ministério da Administração Interna e considerou que António Costa, "tem muita força de vontade mas pouca vontade de fazer força".
JN, hoje