quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Intervenção de Manuel Gusmão na apresentação do Programa Eleitoral, hoje, às 18.30, no Forum Lisboa

CDU A MUDANÇA NECESSÁRIA

Boa tarde, camaradas e amigos

Agradeço a vossa presença.

Estão na mesa

Antes de passar a palavra ao meu camarada Rúben de Carvalho que apresentará o programa eleitoral da CDU, permitam-me algumas brevíssimas palavras, sobre o significado político deste acto.

O documento que aqui apresentamos é um documento importante porque reflecte uma já longa experiência de trabalho autárquico e a ida ao encontro das necessidades, preocupações e legítimas aspirações dos lisboetas.

É um documento importante porque espelha as grandes orientações de uma força política que habituou os eleitores a que nos seus documentos diz apenas aquilo que pensa e não promete aquilo que não pretende cumprir.

Com este documento certamente ficarão mais claras as razões programáticas da candidatura autónoma da CDU às eleições para os órgãos autárquicos de Lisboa. Circulou como é sabido em Lisboa um Apelo à formação de uma Coligação das forças consideradas à esquerda no panorama político, com o objectivo de concorrer às eleições autárquicas de Outubro próximo. Não se contesta o direito à opinião nem as boas intenções dos subscritores do Apelo. Mas é legítimo responder-lhes que partem de uma posição meramente subjectiva – o medo a Santana Lopes; não fazem uma análise das políticas nacionais e na cidade de Lisboa e das responsabilidades das diferentes forças políticas. E, por isso, falta ao Apelo clareza política.

O PS de José Sócrates é o responsável pela Governação do País e da Cidade. E é nas suas políticas e no programa que elas concretizam que radica a impossibilidade de uma coligação. Suportado pela sua maioria absoluta, o PS fez uma opção de classe a favor do grande patronato e, assim, tem vindo a realizar no governo a política mais à direita dos últimos 30 anos.

O PS é o partido da revisão para pior do Código de Trabalho, da contra-reforma da Segurança Social que baixa pensões e reformas, da ofensiva contra os trabalhadores da Administração Pública em geral e aos professores em particular, dos ataques à Escola Pública e ao Serviço Nacional de Saúde. O governo que restringe o acesso à justiça das camadas mais desfavorecidas, criando uma justiça para os ricos e outra para os pobres. O governo das privatizações de empresas e serviços públicos. O governo que enriqueceu os banqueiros e o grande patronato à custa do empobrecimento dos trabalhadores e do povo.

Lisboa não é uma ilha. O PS de Sócrates é o mesmo de António Costa. A nova lei das finanças locais, uma das peças integrantes da ofensiva do PS contra as autarquias foi da autoria de António Costa. No último Congresso do PS Sócrates encenou uma viragem à esquerda mas manteve o essencial das suas políticas na moção aprovada; moção que foi coordenada por António Costa.

Como é que se poderia esquecer tudo isto e embarcar numa coligação com os protagonistas destas políticas? A nossa posição não é sectária, é política e eticamente clara e, programaticamente, fundada. É uma posição de recusa em contribuir para uma nefasta redução da vida democrática a um jogo viciado. Os eleitores lisboetas não estão condenados a votar na alternância sem alternativa dos partidos do “Bloco Central”. A CDU, ao candidatar-se, proporciona-lhes a possibilidade de escolherem a alternativa necessária.

A CDU tem um passado de ligação aos trabalhadores, aos bairros e ao movimento associativo; está ligada ao que de melhor foi feito na cidade nos últimos 33 anos. Tem um presente de combate às políticas negativas e de apresentação de propostas para melhorar a vida em Lisboa. O reforço da votação na CDU é uma garantia da mudança de vida, que é necessária. Uma garantia de que a direita será derrotada, mas também o será a política de direita.

Com este Programa eleitoral que hoje apresentamos, a CDU apresenta-se como uma plataforma de esquerda em que se podem rever todos os que estão contra a política de direita e contra o jogo politicamente viciado de ter de escolher entre o mal rosa e o mal laranja. Este jogo viciado é, de raiz, antidemocrático, porque pretende reduzir, de forma cada vez mais intolerável, as escolhas democráticas e é, ao mesmo tempo, o caminho para a manutenção da política de direita.