sábado, 1 de agosto de 2009

Carta aberta a Bettencourt Resendes

Senhor Bettencourt Resendes,

Foi detestável a sua participação concreta no programa da SIC Notícias que se seguiu ao debate na SIC entre António Costa e Santana Lopes.

As opiniões que ali expendeu, se reduzidas à sua forma mais simples, não passam de um lamentável e injusto «cliché», pobre de imaginação.

V., que parece gostar tanto de denegrir o PCP e a CDU, merecia que lhe disséssemos, e agora com toda a justiça, que a sua altanaria ronda a arrogância e que manifesta a mais pura ignorância sobre os fenómenos sociais e políticos em geral e em Lisboa particularmente – quando é suposto um comentador saber antes de mais do que fala, quando comenta.

V. desconhece – e não quererá conhecer, dado que a sua ignorância é um descanso – mas saiba que a CDU é a força política que maior presença mantém na Cidade de Lisboa em movimentos sociais e de opinião pública, com uma influência única em associações, colectividades e clubes em toda a Cidade, com dois vereadores, 15 deputados municipais, presidência de 8 juntas de freguesia e mais de 150 eleitos nos vários órgãos autárquicos da Cidade.

Portanto, e em resumo, uma força política que devia merecer o seu respeito.

Ao afirmar que a CDU não fez nada, o Sr. esquece, só para lhe dar um exemplo, a intervenção qualificada que a CDU mantém na Câmara de Lisboa (o que o seu amigo António Costa confirmará): 33 propostas de fundo apresentadas e aprovadas, as quais melhorariam a vida na Cidade – se a CML as tivesse aplicado como era seu dever; mais de 200 requerimentos apresentados; uma permanente intervenção qualificada e construtiva nas 105 reuniões que se realizaram nos últimos dois anos.

Só que V. não sabe nem quer saber disso, porque os seus objectivos não são esses, mas sim a produção de opinião engajada em favor de um partido, o do Governo. Hoje é o PS, que me parece ser o seu partido, mas amanhã poderá certamente ser outro. O que estiver no poder é aquele que V. se disponibiliza a reverenciar objectivamente. Não me esqueço dos seus salamaleques para com o PSD quando Cavaco Silva esteve no Governo. A isto, em bom português, dantes chamava-se sabujice.

O Sr. tem, claro, o direito de apoiar quem entender na campanha eleitoral. Não pode é aproveitar o tempo de antena para, afirmando-se independente, atacar outras forças políticas que não estão presentes para exercerem o contraditório e reporem a verdade dos factos.

Lisboa, 1 de Agosto de 2009